segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pensando Junto

O papel do psicólogo e do psicomotricista são muito diferentes na relação com o paciente. Num jogo ou em qualquer outro desafio, não cabe ao psicomotricista trabalhar a relação do paciente com a perda, a vitória, o sentimento de fracasso... Ao psicomotricista cabe procurar com o paciente a maneira pela qual ele poderá atingir o sucesso. Então: nada de ficar infringindo ao paciente jogos e brincadeira nos quais ele é constantemente derrotado, ou vitorioso,ou que acentue sempre o mesmo resultado.
Para o psicomotricista o importante é perceber onde estão as falhas estruturais do paciente para que possam ser descobertos os caminhos para o sucesso.
Vamos começar com uma brincadeira simples: O jogo do labirinto. Jogos como esse são ótimos para trabalharmos a psicomotricidade. Nele o paciente precisa de uma coordenação motora bastante razoável (não esqueça da regra que diz que você não pode encostar a linha do lápis na parede do labirinto), também precisa de uma estratégia (quem sai riscando para qualquer lugar, pode até conseguir chegar ao final, mas levará muito mais tempo), e de tolerância a frustração, pois serão várias as vezes em que pensará que chegou perto de terminar e terá que voltar tudo novamente. Esse tipo de jogo trabalha a relação espacial, o que é ótimo para adultos que dirigem e ficam por aí se perdendo em ruas da cidade!
Como trabalhar com o jogo do labirinto? Primeiramente você deve propor os modelos mais simples. E começar a perceber quais estratégias estão sendo usadas pelo paciente. Quais dão certo, quais não dão. Então você começa a intervir dizendo a ele o que ele está fazendo que o está impedindo de cumprir o objetivo do jogo. Peça para que ele use outras estratégias, caso ele não consiga, sugira. Lembre-se, o psicomotricista não está ali para 'pensar pelo paciente', 'nem para fazer por ele'; o psicomotricista deve perceber quais são as possibilidades do paciente, o que ele pode, e fazer com que ele consiga chegar lá!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Dono do Desenho

Caros colegas, um assunto muito importante quando falamos sobre psicomotricidade, é o desenho. Existem montes de livros e apostilas circulando, com detalhes e mais detalhes de como analisar, entender o desenho. Porém, há algo que você não pode deixar de considerar quando trabalha com desenho: QUEM desenhou. Analisar um desenho de quem você não faz a menor idéia, pode te ajudar a dar muita mancada. É claro que existe o básico. A figura de uma pessoa deve ter cabeça com olhos, nariz e boca; principalmente, uma cabeça, qualquer uma... de gente. Mas vamos lá, suponhamos que alguém resolva desenhar uma pessoa sem cabeça. Se procurarmos nos livros, iriam indicar psicose ou um seríssimo comprometimento em relação a figura humana. É claro que se o sujeito estivesse fazendo um concurso e desenhasse assim, 'riscado', tá fora! Não dá para arriscar. Mas no trabalho do psicomotricista, que importância teria um desenho 'sem cabeça'? Seria para mandarmos correndo o paciente para o consultório de um psiquiatra? Teríamos medo de que ele resolvesse cortar a nossa? Iriamos achar que ele está tão destruído egoicamente que não temos muito o que fazer por ele? Nada disso! A questão não é o 'interpretólogo' tradicional, e sim a relação com o sujeito. Estamos diante de alguém que quer nos falar algo. E se tomamos a atitude de que já sabemos o que é, porque os livros e a sala de aula já nos deu esse poder de saber, então você está indo pelo caminho errado. Não existe livro nenhum que nos dê uma resposta certa para cada caso que ocorre dentro do nosso consultório. Pois cada um que entra lá, é um ser único. O psiquismo não pode ser trabalhado pela lógica matemática.
Por hoje, comecemos aprendendo essa lição: Ninguém melhor do que o próprio paciente para explicar porque decidiu desenhar u ma pessoa sem cabeça. Portanto, pergunte a ele. Faça-o contar a história daquele desenho. Tire suas dúvidas... sem receio. Você não precisa mostrar para seu paciente que 'já sabe tudo', se não, ele próprio iria se perguntar porque estaria ali. Se você realmente soubesse tudo, era só ele ficar calado e não precisaria nem de telepatia, você saberia exatamente o que fazer. Mas você não sabe, porque depende que ele lhe conte. Então, pergunte! E depois sim, pelas respostas que ele der, você terá em mãos uma gama de conhecimentos desse sujeito, que lhe servirá de base para suas futuras ações. É muito importante não se trabalhar apenas com o desenho. Sempre pergunte sobre o desenho, antes de tentar 'decifra-lo'.
Um abraço a todos.